quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Refúgio

  No horizonte, as linhas da paisagem desenham-se à medida que o meu olhar as percorre.
  Nunca me tinha dado conta da beleza deste local, ou melhor, da beleza que esse local proporciona, pois a partir daqui, vejo um espaço inigualável e pergunto-me se alguém já terá admirado este sítio, já terá estado aqui antes de mim, se pensou o mesmo que penso e sentiu o mesmo que sinto ao vislumbrar tudo isto.
  Sentado numa rocha algo alta, apenas deixo o tempo passar e sinto cada silêncio, cada segundo em sossego como se fosse o último.
  Ultimamente muita coisa mudou, nada é igual agora e estes momentos comigo mesmo fazem-me falta por vezes.
  Quero pensar e abstrair-me de tudo simultaneamente e este local ajuda a fazer qualquer uma destas duas coisas.
  O sol começa a descer gradualmente no horizonte e eu mantenho-me imóvel, como que paralisado perante tanta beleza.
  As horas haviam passado por mim a um ritmo que não controlei e de repente, levanto-me quase que sem pensar, dou uma última olhada no rio distante e em toda a vegetação que me separa dele e parto de regresso a casa, de volta ao que é a realidade, porém parto com o meu novo esconderijo da vida, onde agora passo a refugiar-me de tudo o que me preocupa,  o meu novo canto, eternamente guardado na memória.

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