quarta-feira, 16 de abril de 2014

QUERO Benalmádena!

   Na verdade, falei já de viagens antes. Não quero de forma alguma tornar-me repetitivo ou descrever cada viagem que faço. A verdade é que gosto realmente de viajar e o destino da última semana marcou-me para toda a minha vida, seja longa, ou indesejavelmente curta. Não importa de facto que duração possa a minha vida ter, importa que obteve mais uma marca, que não será apagada.
  Provavelmente a pergunta que está a ocorrer ao leitor deste texto será qual foi afinal o destino. Para tal, respondo de forma sucinta: Benalmádena, Sul de Espanha, viagem de finalistas. Sete noites no paraíso, resumindo mais ainda. 
   Foi a viagem mais ilusória que alguma vez fiz. São criadas rotinas totalmente diferentes, feitas amizades e refeitas outras. Pessoas que também deixaram marca desde há muito tempo são reencontradas. Todos os caminhos iam dar a Benalmádena e o que é certo é que ninguém que lá esteve queria de lá sair. Não é um dado falso, é realmente o paraíso - está ali, num hotel chamado Playa Bonita, numa vila em que a noite reina. 
   É tarde e ainda não recuperei do desgosto de estar agora no meu verdadeiro quarto, olhando á minha volta á procura da varanda em frente ao mar ou esperando que o vento marítimo que com o luar chegava me enregele os pés através da porta envidraçada entreaberta. Não consigo encarar o facto de chamar pelos meus colegas de quarto e eles não responderem porque não estão realmente aqui. Todos os dias sonho que a cama em que estou precisamente agora, deitado, é a mesma em que me deitei há dias e que acordarei com o sol a entrar pelo quarto e a servir de despertador para mais um dia único e diferente de todos os outros. Estarei a enlouquecer ou será tudo vontade de que isto seja realmente verdade? E se estivesse a sonhar estar a escrever um texto no meu verdadeiro quarto enquanto durmo umas horas em Benalmádena para que o dia seguinte não seja excessivamente duro? Seria o melhor acordar de sempre, é verdade... Quem sabe!
    Quero descer aquela escadaria infernal de pisos e pisos até chegar ao rés do chão e poder ir para a piscina apanhar banhos de sol pela tarde, de toalha ao ombro e acompanhado por dezenas de pessoas que faziam o mesmo trajeto na mesma hora. Anseio pelos fins de tarde quentes nos quais já estava presente na mente de todos os que partilhavam os mesmos horários, como seria a noite desse mesmo dia. 
    Desejo de uma forma desmedida cheirar o mar, esquecer os problemas, fumar um cigarro, sentar nas cadeiras de madeira almofadadas que ocupavam a varanda e esticar as pernas, até que os meus pés estejam para lá do gradeamento da mesma, até que seja novamente noite. Quero esperar pelos autocarros em filas intermináveis e conversar dentro deles com quem, para não perder a boleia, se sentava ocasionalmente ao meu lado. Quero não ter horas e devorar a pizza que se vende na praça por não ter comido rigorosamente nada durante todo o dia. Apetece-me voltar de manhã ao hotel e percorrer os corredores desertos e sem sentir cada passo que dava. E que toda a rotina se repita por dias e dias. 
    E como esta viagem mental até Benalmádena se torna cada vez mais insuficiente, porque a memória não alimenta mais do que o psicológico, quero voltar, quero sentir e quero liberdade, "just one more time"!