sábado, 24 de dezembro de 2011

Sentimento

 Nos teus olhos, vejo a esperança. No teu sorriso, vejo a felicidade. Na tua face, vejo um futuro.
 Contigo, mais do que olhar para trás, quero olhar para a frente, fazer planos, não descruzar duas vidas que já estão cruzadas, as nossas. Não, eu não quero que o tempo pare numa ou noutra altura, eu quero que o tempo passe, e que com ele, vá eu, e que comigo, venhas tu. Assim, viajaremos os três, eu, tu e o tempo, numa viagem que não acabará, em que o tempo nos guiará e nos levará para onde quiser, porque ninguém manda mais do que ele. Eu obedecerei para não fugir à regra e para ir de livre vontade com o tempo, só preciso que venhas comigo e não largues a minha mão.
  Voltando ao início: o que verás tu nos meus olhos? Verás a firmeza que tento transmitir, ou a fraqueza fruto de estar completamente apaixonado por ti? Nos meus olhos, quero que vejas a segurança, quero que vejas a certeza, quero que vejas mais do que eu por palavras te possa dizer. Quero que sintas o meu orgulho, que contigo raramente é ferido.
  No meu sorriso, quero que vejas a alegria que me proporcionas, e quero que sintas que só tu és a razão deste gesto, deste sorriso. Quero que cada sorriso meu, arranque um teu. Quero nunca parar de sorrir, sorrir por estar feliz, verdadeiramente, sorrir por estares a meu lado.
  Na minha face, quero que vejas uma vida, que deve ser passada contigo, quero que te vejas a ti, porque tu és a minha vida e tu, és parte de mim. No meu rosto, quero que vejas a sinceridade e a minha honestidade, a sinceridade de um sentimento que se fortalece a cada dia. Um amor que não esmorecerá.
  E se algum dia me vires uma lágrima, quero que nela vejas o arrependimento, quero que nela vejas o teu reflexo e a presença de uma ausência, a tua. Quero que vejas a tristeza por que ela cai, o motivo, e juntos, façamos com que ela seque, como duas mãos unidas numa só que a limpam de uma vez. Se algum dia me vires uma lágrima, faz com que desapareça, faz com que a felicidade volte, porque só tu me podes fazer feliz.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A lua e a distância

  A chuva furiosa, bate contra a janela em consecutivos gritos raivosos. É o único ruído distinguível, porque a noite, permanece silenciosa e eu, tento ver a lua por entre as nuvens de um céu hoje bastante nublado e tento vê-la, imaginando que tu também o fazes, no mesmo minuto que eu, pensando em mim, da mesma maneira que eu penso em ti enquanto a olho.
  Era realmente fantástico se tudo fosse tão fácil quanto olhar a lua. Penso agora no quão próxima está a maravilhosa lua e no quão distante estás tu, sendo ainda mais maravilhosa que ela. A distância, é mesmo relativa... A lua, tão longe e tão perto, à distancia de um simples olhar e tu, por muito que olhe, o meu olhar não alcança as tuas feições. Quem está mais longe afinal?
  Se é a lua, porque a tenho eu todos os dias a olhar para mim e não te tenho a ti? Porque é que não tenho saudades dela e tenho imensas saudades tuas?
  Será distante aquilo que não conseguimos alcançar nem tocar com o olhar? Talvez seja, porque as vezes sinto-te muito longe e na verdade, sinto a lua bem mais perto, quando aparece, surgindo no meio da escuridão.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Tempo e saudade

 Um minuto, pode ser apenas um minuto, ou podem ser 60 segundos, e não, não é bem a mesma coisa. Um minuto, pode passar com um estalar de dedos, enquanto por vezes, os segundos são intermináveis e o minuto parece não passar. Quanto mais queremos aproveitar cada segundo, mais os minutos parecem apressar-se a passar e o tempo pode ser o nosso pior inimigo, e falo por experiência própria.
   Já tiveram saudades, mas mesmo saudades de alguém e só tiveram um minuto para resolver esse problema, ou dois, para não arriscar errar? Aí sim, o tempo pode ser detestável, queria poder agarra-lo e passava-me por entre os dedos, corria a uma velocidade que não era alcançável, por nada nem por ninguém.
   Cada beijo, podia ser o último e passava a mão pela sua face como quem quer que aquele momento perdure para sempre, como quem tem medo de não estar a aproveitar o tempo, o momento que em menos de nada escasseará, e escasseou.
Em menos de nada, estava a olhar para trás e a vê-la partir, a partir de volta a casa e eu, fiquei ali com o seu sabor nos meus lábios, temporariamente, a aguardar o próximo beijo, ainda com mais ansiedade.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Voltar a sorrir

Depois de tanto tempo, um sorriso volta agora a encher-me o rosto, um sorriso que não é de completa felicidade, mas é um sorriso, que apesar de estar algo intermitente e de não aparecer tantas vezes quantas desejaria, quando aparece é espontâneo e já não sorria com vontade há demasiados dias.
  Este sorriso, não é de total felicidade como disse, pois a insegurança e as dúvidas vão remexendo incessantemente este rasgo de alegria. Se quero realmente sorrir e entregar-me a este gesto sem reservas? As momentâneas dúvidas, que espero mesmo que sejam momentâneas, não me deixam responder a esta questão.
  Pergunto-me diariamente se o que aconteceu não passa de mais uma página que já está cheia e que não precisa de ser relida, se não será melhor esta história ficar por aqui, mesmo que inacabada. Mas será que é isto que quero? Mais do que tudo, acho que quero que esta página seja prolongada, que cada linha seja aproveitada ao máximo para que esta história continue a ser escrita e se for necessário, há sempre mais uma página que pode ser preenchida com a mesma tinta, para que esta história não termine cedo demais e o arrependimento não tome conta de mim.
  Todas as questões dão que pensar nestes últimos dias. Será o momento e a pessoa certa?
  Terá ela pensado em tudo também e terá as mesmas dúvidas que eu? Quererá ela estar comigo novamente da mesma maneira, com a mesma vontade que eu também tenho de estar com ela e de saber que tudo será fácil, que vai resultar e que ninguém se magoará?
  Sei que brevemente algumas respostas vão acabar por surgir, algumas perguntas até já estarão respondidas e mesmo que nem tudo seja esclarecido rapidamente, o mais importante de tudo, é o sofrimento não voltar a apoderar-se de mim e do meu dia-a-dia, porque sinceramente, tem aparecido demasiadas vezes ultimamente e parece-me que é hora de dar lugar à felicidade, ou talvez ainda não.
  Será que tanto tu como eu estamos preparados para sorrir?

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Refúgio

  No horizonte, as linhas da paisagem desenham-se à medida que o meu olhar as percorre.
  Nunca me tinha dado conta da beleza deste local, ou melhor, da beleza que esse local proporciona, pois a partir daqui, vejo um espaço inigualável e pergunto-me se alguém já terá admirado este sítio, já terá estado aqui antes de mim, se pensou o mesmo que penso e sentiu o mesmo que sinto ao vislumbrar tudo isto.
  Sentado numa rocha algo alta, apenas deixo o tempo passar e sinto cada silêncio, cada segundo em sossego como se fosse o último.
  Ultimamente muita coisa mudou, nada é igual agora e estes momentos comigo mesmo fazem-me falta por vezes.
  Quero pensar e abstrair-me de tudo simultaneamente e este local ajuda a fazer qualquer uma destas duas coisas.
  O sol começa a descer gradualmente no horizonte e eu mantenho-me imóvel, como que paralisado perante tanta beleza.
  As horas haviam passado por mim a um ritmo que não controlei e de repente, levanto-me quase que sem pensar, dou uma última olhada no rio distante e em toda a vegetação que me separa dele e parto de regresso a casa, de volta ao que é a realidade, porém parto com o meu novo esconderijo da vida, onde agora passo a refugiar-me de tudo o que me preocupa,  o meu novo canto, eternamente guardado na memória.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Recordações de liberdade

Alegremente, corria atravessando o campo de erva alta e ressequida pela passagem do Verão que começava a distanciar-se. O terreno era banhado pelo sol dourado, porém não muito poderoso que passava entre rasgos por entre a folhagem das árvores em redor e as ervas oscilavam ao som do vento momentâneo naquela tarde que já não ia no inicio.
  Tudo aquilo lhe lembrava outros tempos, tempos em que as preocupações não existiam, as corridas pelos campos eram diárias e feitas em passada muito mais curta e pensar nisto só lhe trazia saudade.
  Parou, fechou os olhos e disfrutou de mais um momento de vento daquela tarde em que este não era constante mas vinha aparecendo. Os cabelos eram-lhe agitados e as narinas invadidas por um cheiro que lhe mostrava tempos distantes...
  O trabalho, as obrigações e todo o stress sentido no dia-a-dia acentuavam a falta de liberdade e de descompressão sentida por ele, e não havia nada melhor que vislumbrar no horizonte um infinito campo que ele percorria de lés a lés e lhe trazia de volta os tempos em que a dita liberdade era por ele sentida, e esta não permanece intocável durante uma vida, por vezes aumenta com o passar do tempo, mas tende a diminuir e quando não a temos, sentimos sempre a sua falta.

sábado, 17 de setembro de 2011

O regresso

  Deitado na cama, com a janela entreaberta a seu lado, sentia o típico cheiro da Natureza na altura do Verão e ouvia e contemplava cada ruído vindo de fora, pois naquele momento era a única distração que encontrava.
  Tudo se havia complicado de novo e ele pensava sem encontrar soluções.
  Alguém de quem gostara muito em tempos tinha voltado a aparecer na sua vida de rompante, como quem abre uma porta bem fechada apenas com um rodar da maçaneta e sem bater à porta anteriormente.
  Em consecutivas perguntas a si mesmo, interrogava-se sobre o que fazer e nenhuma resposta surgia. A frustração ia agora substituindo a monotonia à medida que os minutos passavam.
  Voltar a dar de caras com aquela mulher foi algo que ele desejara que não voltasse a acontecer quando decidira finalmente encerrar aquele capítulo da sua vida, há muito tempo, no entanto, ela reaparecera logo agora que ele estava bem, que tudo estava perfeito!
  O cansaço começava a apoderar-se dele e por fim, cerrou as pálpebras adiando decisões para mais tarde, esperando que se tornassem mais fáceis de tomar.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O olhar

Uma troca de olhares breve e longínqua e um esboço de sorriso podem alterar tudo, porque por vezes o olhar fala mais que a boca, significa mais do que qualquer palavra pode significar.
  O olhar desmascara qualquer pessoa, porque a partir dele, é revelado o estado de espírito de cada um, o que está a pensar, o que está sentir…
  Naquele final de tarde, na qual já só estava presente uma parte do sol, que já era alaranjado, ele sentiu algo que já não se lembrava sentir. A vida dentro dele voltou a despertar e tudo graças a um olhar, olhar este que lhe estava bem pregado na memória e dali não conseguia sair e nem ele queria que saísse.
  A ela, também não lhe havia sido indiferente e tudo isto se repetiu, com um pouco de vergonha a intrometer-se sorrateira e vagarosamente. As trocas de olhares passaram de casuais a constantes e a atrapalhação mútua era por vezes bem visível.
  Timidamente chegaram à fala, ao discurso inteligente que ambos gostavam de usar e que não mais teve fim…
  O tempo já não era bem passado se não fosse partilhado entre os dois e um dia, acabou por surgir o primeiro beijo.

sábado, 10 de setembro de 2011

O fim numa passada

Um rapaz a quem toda a gente gozava diariamente sem descanso   passeava pela praia deserta desfrutando da água que lhe tocava e enregelava os pés.
  Tentava abstrair-se de tudo e não pensar em nada que o atormentasse.
  A vida deste jovem de dezasseis anos, não era fácil e nos últimos tempos havia piorado.
  A mãe havia partido numa viagem sem regresso e ele vivia com o pai que tinha vícios e não lhe dava muita atenção.
  Não tinha grandes amigos visto que gostava de andar sozinho e tratava quem se aproximava como a vida o tinha tratado a ele.
  Sentou-se na areia e recordou a mãe, que sempre tinha feito tudo por ele, sempre o ajudara e apoiara em tudo.
  Era o “pilar” que ele estava a precisar naquele momento e já há algum tempo.
  Voltou a levantar-se na tentativa de desviar o pensamento e andou até chegar a um enorme rochedo que ele trepou, porque estava ao alcance de ser trepado.
  Olhou de lá de cima o mar e contemplou a beleza incomparável do mesmo.
  Aproximou-se do fim do rochedo e sentiu a forte ventania que se fazia sentir a bater-lhe na cara transmitindo-lhe uma enorme sensação de liberdade.
  Deixou-se contagiar por esta sensação, pensou uma vez mais na mãe e em tudo o resto e deu mais um passo para além do rochedo, partindo assim na viagem em que a mãe partira, esperançado de a encontrar.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Mudança

  O Inverno aproximava-se decididamente. As tardes e noites frias já eram diárias e aquela não fugia à regra. De dentro do carro, esta tarde era por ele observada enquanto pensava em tudo durante a viagem.
  Era invadido por uma mistura de sentimentos e até a saudade parecia já ter chegado.
  O automóvel galgava quilómetros atravessando estradas infinitas, florestas densas e cadeias montanhosas e tudo isto acentuava a distância que ganhava dimensão à medida que a viagem decorria, e cada minuto era interminável… Só queria chegar para acabar com aquele sofrimento, ou parte dele.
  Sempre soubera que mudar de vida era algo complicado, mas nunca o tinha vivenciado e agora sabia o que era deixar a terra onde cresceu, as melhores pessoas que conhecera, ter de esquecer uma vida que sempre havia gostado.
  Nas últimas semanas tinha feito de tudo para que nada mudasse, para continuar a ser tudo como tinha sido até então, para não perder ninguém de quem agora parecia gostar ainda mais, porém não teve solução. Os pais quiseram mudar e ele não teve alternativa e agora só podia pensar em começar de novo e deixar tudo para trás, deixar uma vida, um destino, para ele, deixar um mundo para trás.

Aproveita o momento, porque todos os momentos acabam e podem terminar cedo de mais.
Vive o segundo.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Aproveita!

Ele avançava calmamente, passo a passo por entre a neblina matinal de uma manhã fria de Inverno. A bengala adiantava-se a cada passada e mostrava o esforço que já era preciso para uma curta caminhada que hoje lhe tinha apetecido. Sempre vivera atarefado e o trabalho foi sempre prioridade a qualquer outra coisa e por isto, havia imensas coisas que ele nunca tinha sentido.
  A cada esquina por ele virada era olhado por muitos com desdém, pois o sucesso e a consequente arrogância sempre estiveram presentes na carreira deste senhor, que muitos invejaram, odiaram até…
  Agora era um homem diferente e a recente perda completa da visão levara-lhe também grande parte da antipatia e da personalidade arrogante e orgulhosa que em tempos eram bem visíveis. O pensamento substituí-a a visão e o sentido levava ao pensamento. Ao mesmo tempo que sentia a brisa fria a esbater-lhe na face pensava na vida que havia deixado para trás, mal aproveitada talvez, ou talvez não. Sabia apenas que se pudesse voltar atrás não agiria como agiu durante uma vida e não estaria só como actualmente acontecia.
  Nunca tinha dado um passeio numa manhã de Inverno e agora não queria que acabasse, preferia ter eternamente aquela sensação, porque finalmente estava a sentir realmente algo, finalmente estava a disfrutar, mesmo não vendo, e isto também era sinal de mudança.

Vive o segundo, aproveita cada momento.